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HM
Noite de verão, arraial ao ar livre.
Esse bailarico iria ser animado por dois conjuntos: aquele onde eu tocava e o outro onde eu iria tocar dois anos mais tarde.
Como nós chegámos primeiro, fomos dispondo o material na nossa metade do palco, e o "PA" (o conjunto de colunas de som destinadas ao público)montado em cada extremidade.
Estávamos nós ainda com a nossa "tralha" toda espalhada, em processo de montagem, quando chegou o pessoal do outro conjunto, malta porreira e com quem ainda hoje mantenho boas relações.
E eis que o respectivo teclista, um tipo ainda mais... aaaa... "corpulento"
do que o "tal músico de 1m80 de altura e mais de 100 kg de peso" (adivinhem quem
...), irrompe palco adentro numa corrida aparentemente desenfreada, o que provocou desde logo os nossos protestos bem humorados ("olha lá essa m*******rda!"
, "cuidado com as patas!"
, "olha que nos f*****des o material, p***rra!!!"
), seguido de uma boa dose de gargalhadas
e de uns calorosos cumprimentos.![]()
Depois uns minutos de conversas, lá voltámos às nossas tarefas, nós de um lado e eles do outro, entre algumas
"bocas" bem-humoradas
.
Depois de se combinar quem começava e quem acabava o baile, bem como a duração de cada série (uma hora), e ainda alguns "arranjos" entre os vocalistas (pois são normalmente eles quem estão com atenção à receptividade das músicas por parte do público e, como tal, determinam o que a banda irá tocar a seguir), para se evitar repetições de canções, fomos jantar.
Começámos nós. E o arraial prosseguiu sem qualquer novidade.
Passada uma hora, interrompemos a actuação, para dar lugar aos nossos colegas.
E aproveitámos para percorrer as "barraquinhas" do arraial, apreciando os diversos produtos ali à venda.
O outro conjunto, a dado momento, começou a tocar a canção "LUA (FEITICEIRA NUA)", de Jorge Fernando.
... De repente, demo-nos conta de algo anormal...![]()
Não era o vocalista do outro conjunto quem estava a cantá-la, mas sim outro tipo.
Mais: em lugar da letra normal ("Lua / Feiticeira Nua / A noite é toda tua / Lua"), ouvia-se algo parecido com
LUUUULA!
AH LULA KATALUUUULA!
AH LULA KATALUUUULA!
LULA!
Primeiro surpresos
, depois a rirmos perdidamente
, apercebemo-nos que o vocalista do outro conjunto tinha dado o lugar e o microfone a um deficiente mental que, com voz gutural, entoava aquela espécie de "versão"
.
Não perdemos tempo e fomos para cima do palco "ajudar" o moço
! Pois então!!![]()
E eis que numa inusitada acção de solidariedade para com o "rapaz", os músicos dos dois conjuntos, num tão poderoso
quão afinado
coro, cantavam o refrão
![]()
LUUUULA!
AH LULA KATALUUUULA!
AH LULA KATALUUUULA!
LULA!![]()
E assim se concluiu mais uma noite de verão, por acaso noite de
LULA KATALUUUULA...
ooopsss...
aaa...
arham... quer dizer
... de Lua Cheia
.
Visitante
DR
Hora de almoço de um dia de verão, zona de Setúbal.
Os músicos e o seu motorista pararam num restaurante à beira da estrada, para almoçar.
Mandámos vir umas sardinhas e uns carapaus assados, e toda a gente se saciou a preceito
.
Mas, para além de se ter saciado a preceito, um dos elementos do conjunto - não!, desta vez não foi "tal-músico-de-1m80-de-altura-e-mais-de-100-kg-de-peso" (adivinhem quem
...) - "descuidou-se" com a bebida
...
E os restantes tiveram de o aturar durante o resto do percurso... Valeu o facto de esse músico ter uma veia humorística pronunciada quando bebia demais
.
A dada altura do percurso, esse elemento do conjunto, que viajava no banco da frente da carrinha, lembrou-se de repente de se levantar do banco, virar-se de costas para o pára-brisas, baixar os calções e exibir a quem circulava em sentido contrário... ![]()
um rosado e luzidio traseiro!!! ![]()
...
Os olhos esbugalhados de surpresa dos outros condutores ao repararem naquele anatómico espectáculo valeram ouro... ![]()
Após algumas horas de viagem (naquele tempo não havia auto-estradas - só segmentos... - e as carrinhas desse tempo nada têm a ver com as da actualidade, cujas prestações pedem meças a muitos automóveis ligeiros...), chegámos a Vila Nova de Milfontes.
Já com o "grão-na-asa" do nosso colega devidamente "dissolvido" e "digerido", lá procedemos à montagem e ligação do material.
E a partir das 22:00, demos início à actuação.
E logo então começou uma curiosa "batalha" entre o conjunto e a instalação eléctrica do recinto, para se apurar qual das duas partes conseguia estar activa - o conjunto - ou inactiva - a instalação eléctrica - por mais tempo.

Eu julgo que terá havido o que se pode chamar "empate técnico"...![]()
Mas a coisa não se ficou por aí...
Durante um dos "apagões", um indivíduo saltou para o palco e dirigiu-se à bateria.
Antes de continuar, um pequeno à-parte: Nessa altura estava em voga a canção "AMOR", dos Heróis do Mar. Quem a conhece, decerto se lembra da introdução: quatro sequências de quatro toques de tarola (o tambor mais sonoro, onde normalmente são batidos os tempos fortes) e outras tantas exclamações "tchá! tchá!... tchá! tchá!.." feitas em simultâneo e em "backing vocals" pelos Heróis do Mar.
Pois bem, esse indivíduo saltou para o palco, dirigiu-se à bateria e, sem pedir licença a quem quer que fosse, agarrou numa "baquete" e começou a bater essas sequências na tarola.
... O que motivou desde logo uma intervenção furiosa do nosso baterista
, que prontamente o expulsou dali.
Mais outro à-parte: Qualquer músico que se preze é extremamente meticuloso com os seus instrumentos...
Pois o tal indivíduo acatou a ordem de expulsão do palco e, enquanto descia dali, resmungava para si próprio: "tá!tá!, tá!tá!... não há!
"
Era óbvio que aquele tipo devia estar fora do seu estado normal...![]()
![]()
...pois, no "apagão" seguinte, lá estava ele de novo em cima do palco... com as calças em baixo e a exibir os órgãos genitais ao público quando as luzes se reacenderam
...
Depois de devidamente "convidado" a sair do palco (por pouco que não teve o mesmo percurso dos "tufos de penas cacarejantes" relatados na história de Calvos hehehehe...), o indivíduo acabou por ser conduzido para longe dali.
Quando se deu mais um apagão que demorou mais de meia hora, e eram já duas da madrugada, o arraial terminou ali mesmo.
Para a memória do conjunto ficou o "tá!tá!, tá!tá!... não há!"...
Visitante
DR
Tarde e noite de verão, arraial ao ar livre.
A meio da tarde, cinco encalorados músicos atacavam as músicas do seu reportório, fazendo rodopiar os pares no arraial.
E encalorados porque o palco, embora espaçoso (coisa rara naquele tempo, pois as Comissões de Festas achavam que autênticos "cubículos" onde mal cabiam acordeonistas - com todo o respeito que estes últimos me merecem... - tinham de albergar cinco músicos e o seu material... manias, pronto!!!...), não tinha qualquer cobertura...
A uma certa altura, os cinco músicos já exibiam garbosamente lenços com pontas atadas em cima de outras tantas cabeças, improvisando uns tão cómicos quanto ridículos chapéus...
Era o que se podia arranjar, pois o sol caía a pino...
Só que...
...No caso do "tal-músico-de-1m80-de-altura-e-mais-de-100-kg-de-peso" (adivinhem quem ...), o remédio foi tardio... Tinha começado a sentir uma dorzinha de cabeça localizada no parietal esquerdo... e isso era sinal de sarilho...
Quando terminou a "matinée" (cerca das 20:00), os músicos sentaram-se à mesa para jantar.
O "tal-músico-de-1m80-de-altura-e-mais-de-100-kg-de-peso" (adivinhem quem
...) ainda pediu um bife grelhado sem qualquer acompanhamento... e uma garrafa de água natural...
Qual quê?!?!?... Assim que o bife entrou no estômago do pobre "músico-de-1m80-de-altura-e-mais-de-100-kg-de-peso" (adivinhem quem
...), depressa tomou um rápido caminho de retorno pela mesma via...rss
O pobre desgraçado estava com um ataque de "figadeira" provocado por uma insolação...
E quando assim era, tudo o que "entrava" ... "saía", nem que fosse uma saudável "Água das Pedras" !!!!
Só havia uma solução para este caso, que já tinha resultado anteriormente: uma ligeira "passagem pelas brasas" de 20 a 30 minutos, para acalmar o organismo.
E assim fez.
Dirigiu-se à carrinha de transporte do material, estendeu-se no banco dianteiro... e adormeceu que nem um santinho...
Acordou 40 minutos mais tarde, com o troar da aparelhagem a fazer o "check sound"..
Retornou ao palco... e experimentou a beber um pouco de água.
"Ficou"...
Daí a poucos minutos... uma bolacha de água e sal.
"Ficou"...
Uma hora mais tarde, uma boa dose de água natural.
"Ficou"...
Pois bem, meus amigos:
Ao fim da noite, já o "tal-músico-de-1m80-de-altura-e-mais-de-100-kg-de-peso" (adivinhem quem
...) estava a comer...
... não uma bolacha de água e sal...
... não um prato de peixinho cozido...
... não um prato de bifinho grelhado...
mas sim ...
TARÁÁÁÁÁÁÁÁ
!!!...
...
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C A R N E D E P O R C O "À S M E R C Ê S" ! ! ! ![]()
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Visitante
Anabela Costa
Noite de inverno, actuação na colectividade local.
A banda chegou, "assentou arraiais", ligou materiais e outras coisas mais.
(Esta rimou bem demais!!!)![]()
Montada a instalação sonora, ligados os instrumentos, feito o "check-sound", os músicos foram jantar a um restaurante ali próximo.![]()
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Sentaram-se à mesa a comer, e um deles, um latagão de 1m80 de altura e mais de 100 kg de peso (adivinhem quem
...) devorou uma opípara refeição ![]()
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- como diria o poeta "comeu daquela vez como se fosse a última"...
Feliz e de barriguinha ("barriguinha"
...) cheia, o nosso músico lá acompanhou os seus quatro colegas de regresso à colectividade.
Feita uma última revisão para ver se estava tudo em ordem, eis que batem as vinte e duas badaladas e a banda atacou a primeira música.
E lá fomos tocando e cantando, divertindo a assistência e divertindo-nos nós próprios.![]()
(Para que possam compreender os motivos do que vou contar mais à frente, devo esclarecer que esse músico calmeirão e de apreciável envergadura física passava o tempo a mexer-se enquanto tocava. Além disso, a sua amplitude vocal permitia-lhe acompanhar o seu vocalista com vozes em tons altos, tudo isso à custa do esforço das cordas vocais, do diafragma e dos músculos do estômago)
Eis, pois, os ingredientes da receita:
- Um opíparo jantar;![]()
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- Um movimento constante do músico durante a actuação;![]()
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- A frequente contracção dos músculos do estômago;![]()
... e estava pronta a caldeirada...![]()
Só faltava o momento da "cozedura"...![]()
... que aconteceu quando, passadas algumas horas após o opíparo jantar ![]()
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, estava a Banda a tocar a "Valsa da Meia Noite" enquanto os pares ondulavam ao ritmo de compasso ternário, o "tal" músico latagão de 1m80 de altura e mais de 100 kg de peso (adivinhem quem
...) fez repentinamente um sinal aflitivo para os seus colegas terminarem abruptamente a música, saiu quase em vôo do palco, entre os olhares surpreendidos de colegas e bailantes, correu para a casa de banho e mal teve tempo de "deitar tudo cá para fora"...
Lá se fôra o opíparo jantar ![]()
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...
Escusado será dizer que o resto da noite foi passado a "Água das Pedras"...
Essa noite serviu-lhe de lição para nunca mais repetir a "gracinha"...
Visitante
HM
Noite de primavera, arraial ao ar livre.
Mais propriamente, véspera de 25 de Abril de um ano qualquer...
A banda iria actuar nas comemorações do "25 de Abril", efectuando uma primeira parte de baile, depois o discurso da praxe, após o que se tocaria a "Grândola Vila Morena" de Zeca Afonso, seguindo-se uma sessão de fados com artistas locais, e finalmente a segunda parte de baile.
A primeira parte "correu sobre notas", até cerca das 23:30.
Foi a vez do discurso, liberdade, democracia, ditadura, conquistas dos trabalhadores, etc. etc. etc.![]()
Previamente, um "técnico-daqueles-que-sabem-tudo", com um ar importante, tinha vindo dizer ao pessoal do conjunto que, à meia noite, ele transmitiria através da aparelhagem própria da organização do evento (colocada paralelamente à nossa) o sinal horário da Antena 1 (o "velho" sinal horário de quatro toques longos e um curto que era uma autêntica instituição da Rádio nacional e que, infelizmente, foi substituído por uns quaisquer banais "blips"...
), e imediatamente faria soar a gravação da "Grândola Vila Morena" através de um leitor de cassetes.
Ok, dissemos nós... e não nos preocupámos mais com o assunto.![]()
Após o discurso - que estava bem programado, diga-se de passagem, pois terminou poucos momentos antes da meia noite... -, ficámos na expectativa do sinal horário.
Soou o sinal horário.
Momento solene...![]()
...
... e um silêncio sepulcral... nada de "Grândola Vila Morena"...![]()
Após uns angustiosos quatro a cinco minutos, lá soou a voz de Zeca Afonso... enquanto os músicos da banda, face ao ar furibundo do agora silencioso orador
, trocavam sorrisinhos irónicos entre si...![]()
Ouviu-se depois a explicação do "técnico-daqueles-que-sabem-tudo" (agora com um ar não tão importante assim...), dizendo que tinha gravado a cassete com a música de Zeca Afonso, sim... mas esquecera-se de pôr a fita no local exacto
...
Bom, passada que foi esta peripécia, deu-se início à sessão de fados.
Os dois guitarristas contratados para o efeito ocuparam os seus lugares, ligaram-se microfones e cabos...
... e desfilaram os fadistas amadores de Vila Franca de Xira
, cada um com o seu fado, a sua forma castiça de cantar e o seu atropelo aos compassos das músicas
, isto tudo complementado com as expressões de paciência angustiada dos guitarristas enquanto as suas próprias mãos tentavam desesperadamente acompanhar as "fugas em fado menor" de tão garbosos intérpretes
...
Visitante