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Boa noite, Visitantes
Estava a esquecer-me que, na segunda-feira, irrompeu pela minha enfermaria dentro esta menina...
Aproveitou uns tratamentos no Hospital dos Capuchos e fez-me uma visita-surpresa. Foi muito agradável revê-la.
Na quarta feira, dia 14, após a habitual alv... uuuuuaaahhhhhh ... alvorada das seis da manhã (tira febre, muda penso, mede tensão, toma remédios na veia...yaaah meuuu...), uma ida ao banho... e depois um pequeno interregno sonífero até cerca das oito e trinta.
Porquê esta descrição, perguntam vocês?...
Porque este foi o dia do meu primeiro pequeno almoço após um período de jejum forçado!!!!
Tomei uma chávena de café com leite e um pãozinho com manteiga! Mas aquela coisa foi mesmo deliciosa!!!
Oh para mim!, depois de tomar esse opíparo pequeno almoço!!!
HM
A meio da manhã, a minha médica (La Españolita! Olé!!!) visitou-me e examinou a minha cicatriz. La chica decidió que en el dia seguinte iria ser retirado o dreno pelo qual era expelido o líquido proveniente da zona (agora vazia) da vesícula.
Espero que não sejam impressionáveis... Mas imaginem que isto é parte do traçado da futura linha do TGV...
HM
Não houve mais novidades durante o dia.
À hora do jantar (que, a propósito, foi carne de vaca cozida com arroz alegre, precedido de uma sopinha de legumes e rematado por um belo doce da avó - quem diria?...), apercebi-me de algum reboliço na sala da enfermeira-chefe.
Mais tarde, no decurso do meu habitual passeio de desentorpecimento, deparou-se-me dentro do gabinete da Enfermeira-Chefe esta maldade, este autêntico suplício de Tântalo! Uma caixa de bombons em cima da mesa de reuniões!!!! AAAAAAGGGGHHH!!!!!
HM
Na quinta-feira, dia 15, depois das habituais rotinas (acho que já não é preciso descrevê-las de novo, pois não?...) e do pequeno almoço, fui deitar-me um pouco...
... E eis que me entra pela enfermaria dentro uma menina de bata branca que me disse vir a mandado de outra pessoa.
Ainda pensei que viesse da parte de mi querida medica "La Españolita". Mas não. E, quando olhei bem para a cara desta nova visita, vi ali uns traços herdados de alguém que já conhecia antes.
Era a filha mais nova da Carmenzita .
Depois de um almoço de peixinho assado com batatas coradas (bem bom!), deixei-me andar por ali (que remédio, não é?).
Ao fim de tarde, fui à sala de pensos e coloquei-me nas mãos ágeis de uma jovem e simpática enfermeira, que me retirou o dreno (é uma sensação estranha vermos algo a ser retirado de dentro do nosso corpo...) e me livrou do "saquinho dos fluidos"....
E pronto, eis aqui "a linha do TGV", sem dreno nem "saquinho"...
HM
Ainda nessa quinta feira, recebi uma boa notícia. "La Españolita" habló que yo podría ter alta na sexta-feira.
Olhem só a minha cara de satisfação...
HM
Dei a novidade à minha estimada esposa, com imediatas instruções para que me trouxesse um saco com roupa "civil" quando viesse à visita.
Ela assim fez (é bem mandada, a pequena!)
... E as horas foram passando...
HM
E os cabelos branqueandoooo
Mas o Tejo é sempre novoooo
Na sexta-feira, dia 16, Oh! dia glorioso!, Oh! hora que nunca mais chegas!, Oh, doente impaciente!, estava eu à espera de uma médica...
... E recebi a visita de duas...
... Que não foram de modas!... Armadas de utensílio apropriado, lançaram-se à minha cicatriz e, com denodo e arreganho, extrairam-lhe parte dos agrafes.
Depois, preencheram-me os almejados papeis, eu vesti a minha roupa civil e....ALA QUE SE FAZ TARDE!!!!
HM
E assim se conclui a minha saga hospitalar.
Quero expressar aqui o meu profundo agradecimento a todo o pessoal, de enfermagem e auxiliar, do Serviço 5 - Sala 1 do Hospital dos Capuchos, bem como à Dra. Vanessa "La Españolita".
Foram todos de um profissionalismo inexcedível - e de uma boa disposição inultrapassável também (embora eu ache que ajudei à festa...).
O mal do nosso sistema de saúde decerto não passa por pessoal como este.
Quanto a vocês, Visitantes, tenham uma boa semana.
Visitante
Boa noite, Visitantes
Após um sábado sem história (dia 10), em que este rapaz passou todo o dia de cama, ora dormindo ora acordado, o dia seguinte foi o início da recuperação.
Pelas seis da manhã, começa a azáfama dos enfermeiros e auxiliares. Em primeiro lugar, pôr o termómetro (que foi sempre acusando temperaturas normais, às quais eu chamava "febre de cadáver") e antibiótico, para além de outros preparados... tudo isso "p'á veia, meu... yaaahh".
Às oito da manhã, substituição do balão de soro (acreditem ou não, nunca senti qualquer fome durante o período de jejum pós-operatório, que se prolongou por dois dias). Depois... ir ao duche, assim que houver vaga. Finalmente, voltar para a caminha, pois esta coisa ainda está muito fresca.
Hora de ver o penso e mudá-lo. Nesta foto, vocês podem ver o autêntico atentado ecológico que foi a rapagem de parte da minha "floresta amazónica"
HM
Ok, está tudo em conformidade. Continuemos, pois ainda falta algum tempo.
Na segunda feira, dia 12, a mesma rotina.
Embora me sentisse melhor, ainda estava em pós-operatório, pelo que continuei a soro.
Já pude fazer uma pequena caminhada dentro do perímetro da enfermaria, para desentorpecer as pernas.
À hora de jantar, a primeira "prendinha": uma CANJA DE GALINHA!!!! Vivaaaaaa!!! ... mas... olhem lá! ... vocês chamam "canja" a esta água quente com odor de galinha, dois farripos de carne e... deixa cá contar... hmmm... doze bagas de arroz?...
Resignado, tomei aquilo...
Na terça feira, a mesma rotina matinal. Animado pela ideia de que iria começar a comer (ainda só beberia um sumo por cada refeição), lembrei-me de ir à janela assistir ao nascer do sol.
Captei o momento.
HM
Na noite desse dia, tomei finalmente a minha primeira refeição sólida: peixinho cozido com vagens e esparregado, uma sopa e uma maçã assada .
(Continua)
Visitante
...com um parafuso a menos....aaaaa.... quero dizer... com um órgão a menos, mas estou de regresso!
Antes de responder a todos os comentários que me fizeram, quero desde já agradecer a todos os que, mais ou menos frequentemente, me ligaram, a saber do meu estado de saúde.
A todos, um sentido "muito obrigado"! Vocês não fazem uma pequena ideia do quanto me ajudaram a ultrapassar esta semana de internamento.
Bom, e agora, vou contar-vos um pouco da minha odisseia destes últimos oito dias, que, como vocês sabem, começou assim.
Na sexta-feira 9, de missiva da minha médica de trabalho em punho, saí do meu emprego e dirigi-me de imediato às urgências do Hospital de S. José, onde dei entrada às 17:58.
Após a recepção, fui submetido a raio-X, análise ao sangue e ecografia abdominal.
HM
Tudo isto, como é lógico, em "velocidade de caracol". No momento em que tirei esta foto com o meu telemóvel, estava à espera de poder fazer a ecografia, coisa que só aconteceu cerca das 23:00.
Também é preciso ter em conta que aquele Banco do Hospital de S. José estava pejado de doentes com gripe.
Após a ecografia, a jovem médica que me atendeu ("una nuestra hermana" de trato impecável) disse-me com o ar mais natural deste mundo (e num português arrevezado): "O Sr. já não vai sair, pois irá ser operado esta noite".
(Não fiquei surpreendido. Antes de sair do emprego, eu pesquisara na internet elementos acerca daquilo que se suspeitava eu tivesse. E vi que quase todos os casos redundavam em intervenção cirúrgica. Como tal, eu já ia mentalizado).
Convoquei mulher e filhote para irem ter comigo a S. José e disse-lhes o que iria acontecer. Passei a chave do meu carro ao meu filho para que ele o levasse para casa.
Depois, a troca de roupa (brrrr! estava frio!), e a ida de maca para o bloco operatório - o mesmo bloco onde eu tinha sido operado ao nariz três anos antes e que sofreu profundas obras de beneficiação, tendo agora um muito melhor aspecto.
Estava eu a apreciar a parafernália de equipamento à minha volta enquanto a médica anestesista dava instruções aos enfermei....
...
..."Sr. Henrique!!!", ouvi eu....
Abri os olhos, fechei-os e abri-os de novo... e disse, já em tom de brincadeira, para os presentes: "Eh pá, vocês fazem uma má vizinhança desgraçada! Não deixam um tipo dormir sossegado!" Eram 03:40.
Passei a mão pelo abdómen e dei conta dos meus novos e provisórios "adereços". Prudentemente, retirei a mão. Afinal, ainda estava meio-"grog"...
HM
A jovem médica veio ter comigo para se inteirar do meu estado, e explicou-me o que fôra feito: a minha vesícula estava totalmente inflamada, inclusivamente com um rompimento que só não deixou a inflamação espalhar-se para os orgãos vizinhos porque alguns cálculos (vulgo "pedras"), o obstruíam .
Aaaaa... onde é que eu ia?... AH!, já me lembro!
Depois de algumas horas no recobro do bloco operatório (estava lá tão bem...), era a altura do meu primeiro banho pós-operatório. Apropriadamente designado por "lavagem à gato", consiste numa lavagem feita na própria cama do recobro, onde temos de nos virar para um lado e para o outro enquanto nos passam um pano húmido pelo corpo (as "partes gagas" são limpas pelo próprio doente... hehehehe).
Depois, avisaram-me de que iria ser transferido para o Hospital dos Capuchos, onde está sedeado o serviço especialista dos casos como o meu.
Uma curta viagem de ambulância e eis-me a entrar no Hospital dos Capuchos (... Visitantes, quando um tipo está numa maca de uma ambulância, num pós-operatório de poucas horas, aí sim, é que sente NA PELE - e na zona operadaui ui!! - como as ruas de Lisboa são irregulares... ufa!!).
E pronto... estou numa cama de hospital pela segunda vez na minha vida.
Depois de cumpridas as formalidades, preparei-me para os dias de convalescência que fossem necessários, para o que me armei de maciças doses de paciência e bom humor.
(Continua)
Visitante