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Quarta-feira, 9 de Maio de 2007

Crónica de uma hora do almoço

DR

 

 

À hora do almoço, sem nada para fazer senão esperar pelo reinício do trabalho que estou a executar num armazém livreiro junto à Cruz Quebrada, fui até à praia ali perto e sentei-me nos rochedos, pronto para apanhar um pouco de sol na minha cabeça já muito (muito mesmo!) rala de cabelo.

 

Vocês decerto já por mais de uma vez  se sentaram junto ao mar, simplesmente a olhar... apenas por olhar... e suponho que devem concordar comigo quão repousantes são esses momentos. Afinal, dão para tudo: para contemplação, para recordações, para sorrirmos e chorarmos por elas... enfim, acho que vocês percebem o que quero dizer.

 

Pois ali estava eu, sentado nos rochedos, a olhar para o mar, "queimando tempo"... e a careca também....

 

Espraiei os olhos pelo enxame de pequenas embarcações de pesca artesanal que se espalhavam por toda a extensão de água entre a orla e o Farol do Bugio.

  

(Eu gosto de assistir à faina destes pequenos barcos. São umas "pulgas" comparativamente às traineiras, que por sua vez são umas "cascas de noz" quando confrontadas com os navios pesqueiros pesados. Quem labora nesses pequenos barcos são em regra geral pessoas que, com seu parco pescado, asseguram apenas o seu sustento e das suas famílias... e pouco mais...)

 

Diverti-me a assistir à passagem de um cargueiro porta-contentores, que aproava a barra e levantou tal ondulação que provocou um balancear aflitivo daquelas "coisinhas"... vi inclusive

uma delas subir quase na vertical!!!...

 

Estava eu a levantar-me quando olhei a jusante... e vi uma traineira regressando lentamente do mar, dando o seu estibordo ao Bugio.

 

Sentei-me de novo e acompanhei a traineira com o olhar enquanto ela sulcava as águas para montante.

 

Imaginei-me na pele de um mestre barbudo, com a mão firme no leme...

 

Sacudi a cabeça e sorri... que disparate!

 

Levantei-me preparei-me para regressar ao trabalho... quando olhei de novo para a traineira...

 

Faltava algo...

 

Faltava uma das imagens que eu guardo na memória sobre este tipo de barcos...

 

Faltava o vôo das gaivotas pairando sobre a traineira, aguardando o momento em que poderiam descer sobre ela em voo picado e deitar o bico a uns suculentos e frescos peixinhos (acredito que com a cumplicidade da tripulação...).

 

Calculei que a  traineira estivesse  vazia... Ou, se viesse com pescado, o mesmo deveria estar fechado, precisamente para não atrair quaisquer aves marinhas.

 

Virei costas à cena e meti pernas ao caminho, de regresso ao armazém.

 

 

Visitante

Cruz Quebrada, 9 MAI 2007

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Música: "Pescador da Barca Bela" (Teresa Silva Carvalho)
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